Análise do Mapeamento de Intervisibilidade
- Adauto Costa

- 12 de jul
- 3 min de leitura
A intervisibilidade é a visibilidade mútua entre dois ou mais pontos e não é baseada apenas no espectro eletromagnético do visível. Ela é fundamental para inúmeras atividades que vão desde arqueologia a fins militares. Nas Ciências Geodésicas tem larga aplicação em levantamentos topográficos, onde existe a necessidade, por exemplo, de intervisibilidade entre as estações.

Na dissertação Análise do Mapeamento de Intervisibilidade aborda-se o tema da intervisibilidade algébrica utilizando conceitos da Álgebra Linear e Geometria Analítica e trata não somente a clássica linha de visada como sendo um segmento de reta, como também casos mais complexos como o cone de intervisibilidade e lançamento balístico sobre o MDS.

As equações desenvolvidas permitem respostas relevantes utilizando-se estruturas vetoriais triangulares do Modelo Digital de Superfície. Foram realizados testes com dados sintéticos para avaliar as equações desenvolvidas e também realizou-se uma avaliação da intervisibilidade entre os marcos geodésicos da rede geodésica cadastral do Campus Joaquim Amazonas da Universidade Federal de Pernambuco.
Modelo Linear: segmento × face triangular
O cenário clássico é a linha de visada AB interceptando um triângulo Ω que representa a face de um MDS. Usando os vetores
v = B − A (direção da visada)
w₁ = P₂ − P₁, w₂ = P₃ − P₂, w₃ = P₁ − P₃ (bordas da superfície plana Ω)
O ponto de intersecção P satisfaz simultaneamente três equações paramétricas:

Ao impor 0 ≤ t ≤ 1 e t ≤ st ≤ 1, obtém-se a equação da face triangular:
Com essas restrições é possível decidir, de forma puramente algébrica, se o segmento AB toca ou atravessa o triângulo e em que ponto isso ocorre.
Cone de Intervisibilidade
O cone representa o setor espacial em que um receptor terrestre deve ter visada limpa para receber sinais de satélite acima de um ângulo de elevação mínimo.
Matematicamente, o cone é definido por seu vértice, por um vetor eixo e por um ângulo de abertura. A interseção desse cone com um modelo digital de superfície (MDS) permite mapear regiões de sombra ou bloqueio.
A partir da análise da intervisibilidade linear, obtém-se a fórmula geral do cone:
tal que:



Intervisibilidade Balística e Função W de Lambert
Decorrido todo o estudo, estende-se mais ainda a intervisibilidade para aplicações de balística, por exemplo.
Para um projétil sujeito a gravidade e arrasto, a dissertação deduz uma equação transcendental
cuja solução elegante recorre à função W de Lambert:
Isso permite calcular, em uma única linha de código, o instante τ e a posição onde a trajetória toca a superfície — fundamental para simular lançamentos de projéteis ou a queda de cargas aerotransportadas.

Aplicações Demonstradas
A abordagem proposta permite analisar intervisibilidade em diferentes cenários: o cone de intervisibilidade define setores GNSS para ângulos de elevação, antecipando áreas de bloqueio; a balística trata visadas não lineares como trajetórias de projéteis, resolvendo equações com a função W de Lambert para localizar pontos de impacto; e os casos lineares modelam segmentos de reta interceptando faces triangulares do MDS, gerando mapas 3D de visibilidade, regiões de sombra e apoio a decisões em levantamentos topográficos e geodésicos.
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