Protocolo NTRIP e seus Componentes
- Adauto Costa

- 1 de out.
- 3 min de leitura
O NTRIP (Networked Transport of RTCM via Internet Protocol) é um protocolo HTTP para streaming de dados GNSS em tempo real. Ele foi criado para distribuir correções diferenciais (por exemplo, mensagens RTCM) pela Internet, permitindo vários usuários simultâneos.
NTRIP e seus Componentes
É um protocolo usado para transmitir correções RTK por meio de pacotes IP em redes locais ou pela internet. Ele permite expandir redes RTK de forma praticamente ilimitada, conectando várias estações base (bases) e receptores móveis (rovers).
Em uma rede NTRIP existem três elementos principais. O NTRIP Caster é o servidor que recebe as correções RTK de uma ou mais estações base e as distribui para os receptores. O NTRIP Server corresponde a uma estação base RTK física, cuja função é enviar as correções para o Caster, que por sua vez as redistribui aos clientes. Em configurações simples, quando há apenas uma estação base, é comum que o mesmo equipamento funcione ao mesmo tempo como Server e Caster. Já o NTRIP Client é o receptor RTK que consome as correções transmitidas pelo Caster, sendo os rovers RTK os exemplos típicos de clientes NTRIP.

Dessa forma, a estação base envia correções ao Caster (via NTRIP Server) e o rover baixa essas correções no Caster (via NTRIP Client) para computar sua posição de alta precisão. Uma placa RTK NTRIP LC29H, por exemplo, atua como rover: opera como NTRIP Client que se conecta ao Caster do IBGE para receber os dados RTCM.
Correções diferenciais GNSS (RTK)
Em RTK, a Estação Base (com coordenadas conhecidas) mede continuamente os sinais dos satélites e envia correções ao rover. O rover combina suas próprias observações com essas correções para calcular sua posição com precisão centimétrica. Em termos práticos, o rover calcula duplas diferenças de fase de portadora entre satélites, cancelando grande parte dos erros comuns (órbita, relógio, ionosfera, etc.). As “correções RTK” são justamente os dados enviados pela base para o rover (via protocolo RTCM) que permitem esse cálculo preciso.
A transmissão RTCM geralmente ocorre com atualizações de 1 Hz (ou mais), por qualquer meio (serial, rádio, Internet). No caso do NTRIP, ela é enviada sobre IP: a base usa um NTRIP Server para alimentar o Caster, e o rover como NTRIP Client recebe e aplica esses dados em tempo real.
Formatos RTCM e Influência na Precisão
Os fluxos de correção do IBGE usam formatos RTCM nas versões 3.0 e 3.2. A diferença é que o RTCM 3.2 incorpora novas mensagens MSM (Multiple Signal Messages) que permitem transmitir correções multi-constelação e multi-frequência (GPS L1/L2/L5, GLONASS, Galileo, BeiDou etc.).
Em contraste, o RTCM 3.0 é mais limitado (tipicamente GPS+GLONASS L1/L2). Na prática, usar o fluxo 3.2 (mountpoint com sufixo “0”) dá acesso a mais satélites e sinais, acelerando a convergência do RTK e melhorando a robustez. Por isso recomenda-se usar montagem 3.2 quando possível. Por exemplo, o próprio IBGE indica que os mountpoints terminados em 0 usam RTCM 3.2 e em 1 usam 3.0; e cita o exemplo “POLI0” (São Paulo, RTCM 3.2) vs. “POLI1” (RTCM 3.0).
Caster IBGE e montpoints disponíveis
O IBGE mantém um caster público para a RBMC-IP acessível em http://170.84.40.52:2101/. Nele estão disponíveis as transmissões de correções das estações da rede. Cada estação permanente da RBMC possui dois mountpoints no caster: o código da estação (ex. SCCH para Chapecó, POLI para Poli-USP etc.) seguido de “0” ou “1” (p. ex. SCCH0, SCCH1).
A lista completa de estações e códigos pode ser consultada no portal IBGE ou obtida diretamente clicando em http://170.84.40.52:2101 num navegador ou software cliente NTRIP.
Nesse endereço o usuário verá a tabela de fontes do caster, com todos os mountpoints disponíveis e breve descrição. Em síntese: para o IBGE basta usar o código da estação desejada seguido de 0/1 para escolher o formato desejado.
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