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Ideologia, Representação e Distorção nas Projeções Cartográficas

A seguir iremos realizar um rápido estudo de como uma Projeção Cartográfica também pode estar carregada de Ideologia.


A projeção cartográfica é uma técnica que envolve a representação de posições de uma superfície em outra. As superfícies utilizadas são chamadas de superfície de referência e superfície de projeção. O estudo da representação de superfícies por meio de curvas paramétricas é conhecido como Geometria Diferencial, e ao aplicá-la às projeções cartográficas, é possível estabelecer uma conexão entre as duas superfícies.

Na cartografia, a Geometria Diferencial é útil para estabelecer funções biunívocas que permitem a transformação de espaços entre a superfície de referência e a superfície de projeção. Essas funções são criadas a partir de condições iniciais e propriedades que caracterizam a nova superfície. Dessa forma, é possível escolher as superfícies e características desejadas para desenvolver as funções. Além disso, as funções biunívocas contêm informações que permitem avaliar o comportamento dos elementos transformados.


Projeção Cartográfica.
Projeção Cartográfica.

Assim, as projeções cartográficas são métodos matemáticos que permitem transformar as coordenadas geográficas (latitude e longitude) em pontos em um mapa plano, preservando certas propriedades geográficas enquanto distorcem outras. Existem diversas projeções cartográficas, cada uma com suas características específicas e usos mais adequados, dependendo do propósito do mapa e da região que está sendo representada. É fácil verificar que a escolha de uma projeção específica pode refletir as escolhas culturais, políticas e ideológicas e pode afetar a forma como as pessoas percebem e interpretam a geografia do mundo.


A Projeção de Mercator


Criada pelo cartógrafo flamengo Gerardus Mercator em 1569, foi amplamente utilizada durante a Era dos Descobrimentos e da colonização europeia, pois facilitava a navegação em direção ao norte e ao sul, pois conserva os ângulos e mantém as linhas de longitude e latitude como linhas retas. Nesta projeção, as áreas próximas ao Equador são representadas de forma bastante precisa, mas à medida que se move em direção aos polos, as áreas são cada vez mais distorcidas. Isso faz com que a Groenlândia e a Sibéria pareçam maiores do que realmente são, enquanto a África e a América do Sul parecem menores do que realmente são. Clique aqui e veja o formulário matemático da transformação.


Processo de Construção da Projeção de Mercator.
Processo de Construção da Projeção de Mercator.

No entanto, essa projeção pode ser questionada por muitos, especialmente por cartógrafos de países do sul, por enfatizar excessivamente o hemisfério norte e por distorcer a perspectiva geográfica do mundo. Por ser vista por alguns como uma projeção eurocêntrica, enfatiza a importância e o poder dos países europeus durante a Era dos Descobrimentos e da colonização. Isso ocorre porque essa projeção foi criada por um cartógrafo europeu e foi amplamente utilizada pelos países europeus para navegação e colonização. Como resultado, a projeção pode ter perpetuado uma visão de mundo que enfatiza a perspectiva do hemisfério norte em detrimento das perspectivas do hemisfério sul.


A Projeção de Gall-Peters

É uma projeção cartográfica desenvolvida pelo matemático alemão Johann Heinrich Louis Krüger em 1909 e posteriormente popularizada pelo historiador e cartógrafo alemão Arno Peters na década de 1970.

Nesse tipo de projeção, o modelo geométrico da superfície da Terra é projetada em um cilindro tangente ao equador terrestre. Esse cilindro é então desenrolado para formar um mapa plano. Ao contrário da projeção de Mercator, que distorce as áreas dos países, a Projeção de Peters mantém as áreas dos países proporcionalmente corretas. No entanto, a projeção distorce as formas dos países, especialmente na região dos polos. Também tem uma escala uniforme em todas as direções, o que significa que a distância entre os pontos é proporcionalmente correta em todas as direções no mapa. Isso é diferente da projeção de Mercator, que tem uma escala uniforme apenas ao longo do equador.


Projeção Cilíndrica e Projeção Cilíndrica de Peters.
Projeção Cilíndrica e Projeção Cilíndrica de Peters. https://atlasescolar.ibge.gov.br/images/atlas/cartografia/projecoes_3_cilindrica.jpg

Embora a projeção seja frequentemente associada a uma agenda política de esquerda, é possível discutir seus aspectos filosóficos sem viés partidário. Do ponto de vista filosófico, a Projeção de Peters levanta questões importantes sobre a natureza da representação e da percepção do mundo. A projeção mostra que a representação cartográfica da Terra não é neutra, mas é influenciada por fatores culturais, históricos e políticos. Ela também destaca a importância de questionar nossas suposições e preconceitos culturais e ideológicos na construção de nossa visão do mundo.


Vale ressaltar que o cartógrafo europeu Arno Peters , em 1942, recebeu seu diploma em doutorado na Universidade de Berlim, com uma dissertação sobre propaganda política.


Ideologia, Representação e Distorção


Como a Terra pode ser geometricamente simplificada à uma esfera ou elipsoide, é impossível representar a sua superfície em um mapa plano sem distorcer algumas características geográficas, como tamanho, forma, direção e distância, uma vez que toda representação cartográfica é uma interpretação da realidade geográfica, e não uma reprodução exata dela, ou seja, os mapas são construções humanas que refletem as escolhas e crenças dos cartógrafos que os criam.


Alguns podem dizer que do ponto de vista filosófico, a projeção de Peters reflete uma perspectiva mais igualitária e justa, ao retratar as áreas dos continentes de forma proporcional, em vez de privilegiar certas regiões em detrimento de outras. Por outro lado, a projeção de Mercator, embora distorça as áreas, é considerada útil para a navegação e para a representação precisa das direções e distâncias.


Assim, a escolha de qual projeção utilizar em um mapa pode refletir diferentes perspectivas filosóficas e prioridades, como a busca por uma representação mais justa e equilibrada, ou a necessidade de precisão e funcionalidade para fins práticos.


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