Projeção de Mercator em Corpos Extraterrestres
- Adauto Costa
- 1 de jul.
- 4 min de leitura
A projeção de Mercator é um sistema cartográfico que transforma a superfície curva da Terra em um plano, representando as linhas de longitude como verticais e paralelas, e as de latitude como horizontais que se afastam em direção aos polos. Ela permite traçar rotas de navegação como linhas retas, sendo amplamente utilizada em cartas náuticas desde 1910. Embora hoje outras projeções sejam preferidas para representar o mundo com maior precisão, a de Mercator ainda é empregada em navegação e em mapas de regiões equatoriais.
Originalmente desenvolvida para representar a superfície da Terra em mapas planos, no entanto, ela pode ser aplicada a outros corpos celestes, como planetas, desde que eles tenham características que permitam uma representação em coordenadas de latitude e longitude. De certa forma, a matemática envolvida nesta projeção é relativamente simples e programá-la exige um algoritmo menos complexo.
Para planetas com atmosferas densas e superfícies sólidas, como Marte, Vênus ou a Lua, é possível aplicar a projeção de Mercator adaptada para suas características geográficas. A Agência Espacial dos Estados Unidos (NASA) e outras agências espaciais frequentemente utilizam projeções cartográficas para mapear a superfície desses corpos celestes com base em dados coletados por sondas espaciais e missões de exploração.
Exemplos da Projeção de Mercator em Corpos Extraterrestres
O primeiro mapa detalhado de um planeta inteiro além da Terra foi emitido em 1972 em uma escala de 1:25.000.000 pelo USGS Center of Astrogeology, Flagstaff, Arizona, após imagens de Marte pela Mariner 9. O mapeamento do planeta Mercúrio seguiu os sobrevoos da Mariner 10 em 1974. Começando no final dos anos 1960, a geologia do lado visível da Lua foi mapeada pelo USGS em forma de quadrilátero em uma escala de 1:1.000.000. Os quatro satélites galileanos de Júpiter e vários satélites de Saturno foram mapeados após as missões Voyager de 1979-81. Para todos esses corpos, a projeção de Mercator foi usada para mapear porções equatoriais, mas a cobertura estendeu-se em alguns casos iniciais para os paralelos 65° N e S.
Vênus
É o segundo planeta do Sistema Solar em ordem de distância a partir do Sol, orbitando-o a cada 224,7 dias. Recebeu seu nome em homenagem à deusa romana do amor e da beleza Vênus, equivalente a Afrodite. Depois da Lua, é o objeto mais brilhante do céu noturno, atingindo uma magnitude aparente de -4,6, o suficiente para produzir sombras. A distância média da Terra a Vênus é de 0,28 AU, sendo esta a menor distância entre qualquer par de planetas.
Apesar de estar mais perto da Terra, seu ambiente provou ser um tremendo desafio para os mapeadores. A atmosfera é tóxica, opaca e corrosiva, uma composição de dióxido de carbono e nuvens de ácido sulfúrico, com uma pressão superficial semelhante às profundezas dos oceanos da Terra e temperaturas que derretem facilmente o chumbo. No entanto, desde a missão Mariner da NASA de 1962, mais de 30 espaçonaves visitaram Vênus, incluindo pousos das missões soviéticas Venera. As sondas sobreviveram apenas por algumas horas, mas transmitiram fotografias e dados atmosféricos antes de sucumbir às condições infernais. A nave Magellan da NASA orbitou Vênus de 1989 a 1994 e com radar mapeou 98% da superfície do planeta.

Phoebe
Phoebe é o satélite irregular de maior massa de Saturno com um diâmetro médio de 213 km. Foi descoberto por William Henry Pickering em 18 de março de 1899 a partir de chapas fotográficas tiradas a partir de 16 de agosto de 1898 na Estação Boyden do Observatório Carmen Alto perto de Arequipa, Peru, por DeLisle Stewart. Foi o primeiro satélite a ser descoberto fotograficamente.
O mapa digital global de Phoebe, próxima imagem logo abaixo, foi criada usando dados obtidos durante o sobrevoo da sonda Cassini pela pequena lua em junho de 2004. O mosaico é projetado na projeção de Mercator dentro da faixa de latitude de 57°S a 57°N. Assim, este mapa atende à escala padrão de 1:1.000.000 recomendada pelo U.S. Geological Survey. Os quadrângulos se sobrepõem e a escala dos polos foi escolhida de forma que a circunferência da projeção estereográfica seja idêntica à largura da projeção de Mercator.

Marte
É o quarto planeta a partir do Sol, o segundo menor do Sistema Solar. Batizado em homenagem a divindade romana da guerra, muitas vezes é descrito como o "Planeta Vermelho", porque o óxido de ferro predominante em sua superfície lhe dá uma aparência avermelhada.
Marte é um planeta rochoso com uma atmosfera fina, com características de superfície que lembram tanto as crateras de impacto da Lua quanto vulcões, vales, desertos e calotas polares da Terra. O período de rotação e os ciclos sazonais de Marte são também semelhantes aos da Terra, assim como é a inclinação que produz as suas estações do ano. Marte é o lar do Monte Olimpo, a segunda montanha mais alta conhecida no Sistema Solar (a mais alta em um planeta), e do Valles Marineris, um desfiladeiro gigantesco.

O mapa topográfico a seguir é da superfície de Marte, onde projetou-se uma esfera de raio 3396km. A Projeção de Mercator foi usada entre os paralelos 65º N e S e projeção estereográfica para os polos. A escala é de 1:10.000.000 com paralelo padrão de 0º.

Agências espaciais, como a NASA, têm utilizado essa projeção adaptada para mapear a superfície de outros corpos celestes, proporcionando uma compreensão mais profunda desses mundos distantes. Apesar disso, é importante reconhecer que outras projeções cartográficas têm sido preferidas para representar o mundo com maior precisão, e a cartografia planetária continua evoluindo para oferecer representações mais precisas e informativas dos planetas além da Terra.
Mais detalhes sobre a Projeção de Mercator ou suas aplicações em Corpos Extraterrestres podem ser vistas nos links abaixo:
Mars in 1972
Map Projections: A Working Manual
Mapping Beyond Earth: Planetary Cartography
Topographic Map of Mars
Phoebe: Cartographic Projections (Mercator Projection)
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